A Bhagavad Gītā faz parte do épico mais importante da Índia, o Mahābhārata. Esse texto com mais de 5.000 anos é estudado até hoje, pois aborda questões como as limitações fundamentais do ser humano, como o sofrimento, a morte e a ignorância.
A história tem seu ápice quando no meio do campo de batalha, antes de iniciar a guerra, o guerreiro Arjuna se dá conta que irá lutar contra alguns de seus parentes e amigos. Confuso, ele pensa em desistir, mas ao final pede ajuda a Krishna, o condutor da carruagem. Naquele momento inicia-se o diálogo entre o mestre Krishna e o discípulo Arjuna aonde o Yoga é ensinado. Ao final desse dialogo, Arjuna entende que lutar nessa guerra, que havia tentado evitar de várias maneiras, era a única alternativa que lhe restava para defender o dharma.
O que é dharma?
Dharma etimologicamente significa “aquilo que aglutina, que mantém unido”. Dentre os diversos significados, o termo aponta para a idéia de ordem, lei, dever, virtude, bem comum, ética e conduta. Está inserido no sentido de preservar, manter a coesão entre as pessoas e as coisas, fazer aquilo que nos cabe, dar a nossa contribuição ao mundo.
A Bhagavad Gītā está inserida dentro do conhecimento do Vedānta. Esse estudo não está distante das nossas próprias questões a serem resolvidas. Somente através da prática do dharma é que temos a condição de reconhecer que a nossa natureza não está separada do que está nossa volta. Para isso, a ética do bom senso é indispensável, não fazer aos demais o que não gostaríamos que fizessem a nós mesmos, já que para toda ação existe um resultado.
Aproveitando esse exemplo gostaria de divulgar um grandioso trabalho de pessoas que estão arriscando suas próprias vidas nos mares do mundo a fora, o da Sea Shepherd.
Aproveitando esse exemplo gostaria de divulgar um grandioso trabalho de pessoas que estão arriscando suas próprias vidas nos mares do mundo a fora, o da Sea Shepherd.
A Sea Shepherd Conservation Society é uma organização não governamental sem fins lucrativos e foi oficialmente fundada no estado de Oregon, nos EUA, em 1981. Já havia a idéia de sua criação quando o capitão canadense, Paul Watson, fundou a Earth Force Society em Vancouver, no Canadá, em 1977. O objetivo inicial de ambas as organizações era o de proteção e conservação dos mamíferos marinhos, visando, como meta imediata, o fim da caça ilegal às baleias e focas, porém, posteriormente, a Sea Shepherd expandiu sua missão, incluindo toda a vida marítima.
Em 1978, com apoio financeiro de Cleveland Amory, do Fund for Animals, a Sociedade comprou seu primeiro navio, o inglês Westella, e rebatizou-o de Sea Shepherd. Sua primeira missão foi viajar rumo às águas gélidas do Leste do Canadá para interferir na atual matança de filhotes de focas harpa, conhecidas como “casaco branco”. No mesmo ano, a Sea Shepherd perseguiu e abalroou o notório navio baleeiro Sierra num porto português, pondo fim à sua infame carreira de fantasma dos mares.
O sucesso da campanha contra a caça às focas e o abalroamento do Sierra marcaram o início das 160 viagens históricas da Sea Shepherd durante as próximas duas décadas, assumindo um papel de fiscalização e execução de leis internacionais de conservação onde elas não se aplicam em alto-mar.
A Sea Shepherd continua realizando sua missão comprometendo-se com a erradicação da caça ilegal de baleias, contra o assassinato de tubarões para uso de suas barbatanas, a destruição de habitats, os crimes contra a vida marinha e a violação de leis que regem os oceanos.
Muitas pessoas podem criticar essa organização dizendo que há um excesso em suas ações. Contudo, dentro do dharma, a força algumas vezes é necessária quando todas alternativas cabíveis não surgem efeito. É importante ressaltar, que a Sea Shepherd Conservation Society é guiada pela Carta Mundial da Natureza da ONU e é tida como autoridade de agir em detrimento as leis internacionais de conservação. Não se opõe aos baleeiros japoneses ou noruegueses, se opõe aos baleeiros ilegais como é definido nas leis de conservação internacionais. Não se opõe aos caçadores de focas canadenses ou sul-africanos, e sim à matança indiscriminada de focas. Os voluntários da Sea Shepherd vêm do mundo inteiro, incluindo das nações que ela é forçada a se opor como o Japão, Noruega, e Canadá. Conta também com vários institutos Sea Shepherd espalhados pelo mundo inclusive no Brasil (http://seashepherd.org.br/).
O lugar aonde o ensinamento da Bhagavad Gītā acontece é num campo de batalha. Percebemos que o campo de batalha onde as ações da Sea Shepherd acontecem é no mar. Constatamos quantos interesses estão envolvidos para que as autoridades responsáveis por cuidar do meio ambiente marítimo façam vista grossa e o adharma (não-dharma) continue acontecendo. Infelizmente, não estamos sendo capazes de utilizar a discriminação em prol do bem comum. É justamente essa liberdade de escolhas, que nos torna especial em relação aos outros seres vivos, mas não adianta nada quando usamos esse poder para o benefício próprio ou interesses pessoais.
Om. Que a prosperidade e o bem-estar sejam glorificados.
Que os governantes nos governem com retidão e justiça.
Que a sabedoria e o conhecimento sejam protegidos.
Que todos os seres, em todos os lugares, sejam felizes.
Om, que haja prosperidade para todos.
Que todos vivam em paz, que todos sintam a plenitude.
Que todos estejam bem, que todos sejam felizes.
Que todos estejam livres de doenças.
Que todos vejam o bem, que ninguém sofra.
Parabéns, Sea Shepherd, por longos anos de luta defendendo o que é correto, ajudando a cuidar daquilo que “é nosso”, o mar e os animais que nele habitam!
“Eu me sinto honrado em servir às baleias, golfinhos e focas – e todas as outras criaturas desse planeta. Sua beleza, inteligência, força e espírito têm me inspirado. Esse seres têm conversado comigo e me tocado e eu fui recompensado com a amizade de muitos membros de diferentes espécies. Se as baleias sobreviverem e se desenvolverem, se as focas continuarem vivas e dando à luz e se eu puder contribuir para garantir sua prosperidade futura, serei eternamente feliz." Paul Watson